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31/12/1969
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Veja como deixar o enjoo “em terra” e aproveitar o passeio no mar
Enjoar, ou se sentir mal no mar é comum principalmente para “marinheiros de primeira-viagem” ou para pessoas que não estão acostumadas a navegar. E não tem nada mais chato do que perder um passeio de lancha com os amigos por conta dos enjoos.
O marinheiro Adelardo Oliveira, com 25 anos de experiência na profissão, conta que enjoar no mar é muito relativo de pessoa para pessoa. “Algumas pessoas não sentem a diferença de estarem ou não a bordo, já outros não se adaptam com o balanço do mar e ficam um pouco tontas. Até mesmo o cheiro do combustível, que sai pelo suspiro do tanque, pode fazer uma pessoa que não está acostumada a se sentir mal”, conta o marinheiro Oliveira, como é conhecido na região de Paraty, onde atua há 4 anos.
Para deixar o mal-estar em terra e levar para o mar apenas disposição de sobra para curtir o dia, confira algumas dicas de como evitar os enjoos e entenda o porquê eles acontecem.
Por que enjoamos? - Os enjoos ou o mal-estar a bordo de um barco acontecem porque o equilíbrio de uma pessoa depende da coordenação que o cérebro faz a partir das informações que recebe do labirinto, da visão e do sistema proprioceptivo - formando pelos músculos, pela pele e pelo os ligamentos. “Quando estamos dentro de um barco, o labirinto e o sistema proprioceptivo percebem movimento em diversas direções ao mesmo tempo – horizontalmente, verticalmente e lateralmente. Já os olhos, se estiverem voltados para dentro da embarcação, não conseguem informar ao cérebro sobre nossa posição com relação à força da gravidade. Dessa forma o cérebro tem dificuldade de orientar o corpo sobre como manter a postura e por isso sentimos vertigem, náusea e até vômitos ao navegar”, esclarece a otorrinolaringologista Vera Lucia Ribeiro Fuess, que trabalha a 25 anos na área.
Esse desconforto que algumas pessoas sentem chama-se Cinetose. “Os enjoos variam de acordo com cada organismo, da mesma maneira que algumas pessoas têm o mesmo mal-estar ao andarem de carro e outras não”, explica Vera Lúcia.
Confira algumas dicas para evitar os enjoos:
Uso de remédios: Existem alguns remédios que podem ser indicados para pessoas que sentem esse tipo de mal-estar, como o dimedrinato e a meclizina, porém essas medicações podem causar efeitos colaterais, como sonolência, boca seca e taquicardia e devem ser prescritos individualmente por um profissional da área.
“Se a pessoa tem estes sintomas frequentemente, tanto ao andar de carro, ônibus ou barco, ela deve procurar um otorrinolaringologista que, na falta de uma doença específica, pode encaminhar o paciente para fazer uma Reabilitação Vestibular. Esta terapia, através de um mecanismo conhecido como plasticidade neuronal, reeduca o cérebro e corrige uma possível percepção distorcida do corpo e de sua posição no espaço. A partir deste tratamento o paciente tem menos sintomas e maior facilidade de se adequar à situação”, explica Vera Lucia.
Para quem prefere ir além da medicina, Oliveira conta que os supersticiosos podem tentar uma simpatia utilizada antigamente para evitar mal-estar. “No tempo dos antigos, eles comentavam que a pessoa devia comer camarão cru para não enjoar”, lembra o marinheiro. “Eu nunca precisei fazer esta experiência”, completa.
Alimentação - Para quem vai navegar, a dica é não beber álcool, evitar cafeína, não fazer refeições pesadas e nem ficar em jejum por muito tempo.
Isso porque ingerir bebidas alcoólicas ou a base de cafeína, como café, chá-preto ou chá-mate, tornam o labirinto mais suscetível a estímulos. O mesmo acontece quando estamos com o estômago cheio, principalmente depois de uma refeição com alimentos gordurosos, que torna o organismo mais propenso a vômitos.
A médica também recomenda uma noite de sono tranquilo antes do passeio, já que a privação de horas de descanso também pode prejudicar o funcionamento do organismo.
Olhe sempre para o horizonte - Ler a bordo de um barco, ou até mesmo conversar olhando diretamente para uma outra pessoa também podem provocar mal-estar ao navegar. “Quando lemos, além de perdermos a informação de qual é a nossa posição em relação ao horizonte, movimentamos muito os olhos para acompanhar as linhas do livro ou da revista. Essa é uma boa forma de provocar, ou de agravar, os sintomas vertiginosos”, alerta a médica.
A bordo, se a pessoa começar a sentir mal a dica de Oliveira é se concentrar em um ponto fixo no horizonte ou na costa. “Assim a pessoa se distrai e não fica atento ao início do enjoo”, explica Oliveira. Além de olhar um ponto ao longe no horizonte, Vera Lúcia aconselha a ficar ao ar livre e respirar profundamente e com calma.
Vera lembra que o importante é não se apavorar e ter consciência de que o organismo irá se adaptar e que a sensação de desconforto irá passar. “A tendência do corpo é se adaptar a qualquer mudança, tanto que, depois de um tempo dentro de um barco ou navio, algumas pessoas podem sentir vertigem ao voltar para a terra firme”, conclui.
Juliana Barbosa para Bombarco
Foto: Franco Rodrigues