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Notícia Projeto Peixe-boi protege espécie da extinção no nordeste do Brasil

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01/01/1970

Projeto Peixe-boi protege espécie da extinção no nordeste do Brasil

Criado na década de 1980, o Projeto Peixe-boi foi idealizado pelos oceanógrafos José Catuetê Albuquerque e Guy Marcovaldi, a fim de proteger a espécie da extinção que já começava a atingir os animais na época.

Os profissionais iniciaram então ações de manejo e conservação da espécie por intermédio do Projeto Peixe-boi, que realizou um levantamento desde o Rio de Janeiro até o Amapá, com expedições de campo sobre a situação dos peixes-boi na costa brasileira.

Nas expedições foi diagnosticado que a espécie estava desaparecendo ao longo do litoral nordestino, principalmente nos Estados do Espírito Santo e Bahia, locais onde os animais já não existiam mais:

“Calcula-se que, na época, cerca de 200 animais desapareceram naquela região”, explica a bióloga do Parque Temático Mamíferos Aquáticos, Mariana Vasconcelos Mendes.

A implantação da primeira base de proteção e pesquisa do Projeto Peixe-boi foi instalada em 1982, na foz do Rio Mamanguape, município de Rio Tinto, na Paraíba.

“Ali viviam grupos de até quinze peixes-boi”, lembra Mariana.

Após o início dos estudos sobre os peixes-boi verificou-se a importância de se obter mais informações, como distribuição em outros ecossistemas e ecologia, além da necessidade de realizar um trabalho de educação ambiental com as comunidades litorâneas.

“As principais causas das ameaças de extinção desses animais são as caças indiscriminadas por causa de sua carne, gordura e do couro de alta resistência, encalhe de filhotes nas praias do nordeste, colisões com barcos a motor e a poluição e degradação de seus habitats”, comenta Mariana.

Atualmente, o Projeto Peixe-boi realiza atividades de educação ambiental no Parque Temático Mamíferos Aquáticos, atual área de visitação do Projeto Peixe-boi e em comunidades onde tem ocorrência de peixe-boi; atividades de resgate, reabilitação e soltura do animal, além de resgate de outros mamíferos aquáticos, como golfinhos e baleias:

“Os peixes-boi que são resgatados por terem sido encontrados encalhados ou debilitados são levados para o cativeiro do Projeto Peixe-boi, que fica em Itamaracá, Pernambuco. Aqueles que não estão aptos a reintrodução permanecem nos oceanários de visitação. Os demais são levados para um semicativeiro natural (cativeiro dentro de um rio), onde eles se acostumam com o ambiente natural antes de serem soltos. A reintrodução ocorre em dois pontos, Barra de Mamanguape, na Paraíba, e Porto de Pedras, em Alagoas”, explica a bióloga.

No ano passado o Projeto Peixe- Boi completou 30 anos. Segundo Mariana Vasconcelos nesse período, 29 animais já foram transferidos para cativeiros em ambiente natural, e 25 já foram soltos na natureza. O Projeto conta com 90 funcionários, entre servidores públicos, tratadores, veterinários e biólogos.

Características e curiosidades do peixe-boi


O peixe-boi adulto pode medir entre 2,5 e 4,0 metros e pesar de 200 a 600 quilos;
No Brasil são encontradas duas espécies: o peixe-boi marinho e o peixe-boi amazônico;
Os peixes-boi são os únicos mamíferos aquáticos preferencialmente herbívoros. Como se alimentam de algas e plantas aquáticas, como água-pé, folhas de mangue e capim-agulha, os peixes-boi ajudam a controlar o crescimento da vegetação;
Suas fezes fertilizam a água dos rios e mares. Como o valor nutritivo destas plantas é baixo, precisam ingerir grande quantidade de alimento, chegando a comer cerca de 8 a 13% de seu peso corporal por dia. Para isso, passam de 6 a 8 horas diárias se alimentando;
Os peixes-boi não possuem os dentes da frente (incisivos e caninos), apenas os de trás (pré-molares e molares);
O peixe-boi marinho vive em regiões próximas a rios e estuários, pois necessita beber água doce;
Atualmente, a destruição desses habitats, contribui para um elevado índice de filhotes encalhados no litoral nordestino brasileiro, principalmente nos estados do Ceará e Rio Grande do Norte;
O último registro de caça do peixe-boi marinho com arpão no litoral nordestino ocorreu no ano de 1987, na Barra do rio Mamanguape. Porém, as capturas e a utilização do peixe-boi marinho no litoral norte do Brasil ainda ocorrem;
Os derivados de peixe-boi são usados de várias formas. A carne serve para consumo, a banha serve como remédio e óleo de cozinha, o couro e os ossos como remédio para doenças como machucados, inchaços, reumatismos e bronquites.

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Bruna Sales para Bombarco
Foto: divulgação

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