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01/01/1970
Outros
Extinção de vida marinha nos oceanos é alarmante
As mudanças climáticas, a pesca predatória e a poluição atuam nos oceanos de uma forma cada vez mais intensa. É o que mostrou, recentemente, o estudo realizado pelo Programa Internacional sobre o Estado dos Oceanos (IPSO, na sigla em inglês), entidade formada por cientistas e outros especialistas no assunto.
Segundo a coordenadora do curso de pós-graduação em Biologia Marinha da União Metropolitana de Educação e Cultura (UNIME), Alina Sá Nunes, o conjunto de problemas que afetam os oceanos deve-se, não apenas por fatores globais, mas também por fatores regionais:
“Cerca de 60% da população mundial vive em regiões costeiras o que faz destas áreas zonas de conflito em relação aos diferentes usos. Como exemplo podemos citar as instalações portuárias, emissários submarinos para descarte de águas de uso (esgoto doméstico e industrial), exploração de petróleo e gás, atividades de pesca, entre outras que causam um impacto importante nos ambientes marinhos”, explica a coordenadora.
Animais como tartarugas, baleias, golfinhos, além de recifes de corais são os que mais sofrem com as mudanças do habitat marinho:
“Não podemos mensurar a quantidade de animais que sofrem com os impactos nos oceanos. Grande parte dos organismos marinhos são animais pequenos, o que impede uma estimativa real sobre a perda e a extinção de espécies. Outro problema em relação aos organismos marinhos é que boa parte destes são considerados “recursos pesqueiros” e são vistos como bens para comercialização, e não como organismos selvagens que fazem parte do ecossistema e exercem um papel fundamental para o equilíbrio dos mesmos”, revela Alina.
No Brasil
Existem várias espécies marinhas ameaçadas no Brasil. O maior conhecimento se refere às tartarugas das quais entre as sete espécies existentes, cinco utilizam praias do Brasil para a desova, assim como as baleias jubarte, que também se encontram em situação de perigo.
Um estudo realizado na região costeira do Brasil mediu o grau de ameaça de extinção da biodiversidade marinha, baseados em informações da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), do Ministério do Meio Ambiente e dos estados, os cientistas identificaram 59 espécies em risco de extinção em todo o Brasil sob três classificações de ameaça: 41 estão em situação vulnerável, 10 estão ameaçadas e oito criticamente ameaçadas:
“É importante ressaltar que muito provavelmente estes números são subestimados já que conhecemos muito pouco sobre a biodiversidade marinha brasileira, principalmente de organismos menores (que são mais difíceis de quantificar)”, revela.
Soluções
Ainda de acordo com a bióloga Alina Sá Nunes, a redução dos impactos precisa de uma abordagem integrada, levando-se em conta desde questões regionais – como o destino do lixo, estações de tratamento de água, manutenção de ecossistemas berçários como os manguezais –, até questões globais – redução da emissão de gases que causam o efeito estufa, poluição sonora por excesso de tráfego de embarcações –, ou seja, são medidas que devem ser adotadas por um conjunto de países :
“A FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations), por exemplo, recomenda a proteção integral de, pelo menos, 20% da superfície dos ambientes marinhos, redução da intensidade das atividades pesqueiras e redução da emissão de gases estufa como o início do processo que vise a reabilitação dos ambientes marinhos”, finaliza Nunes.
Bruna Sales para Bombarco
Foto: Bombarco